São seis da madrugada. Abro uma frincha do olho direito e percebo um raio de luz a esgueirar-se porta adentro. Uma volta na cama, outra volta ... o outro olho abre-se. É tempo de levantar .. o sono fugiu. Os passaritos ensaiam e um galo ao longe anuncia o novo dia.
Chave do portão na mão, um arrepio nos braços da frescura e parto para um agradável passeio matinal numa manhã envolta em nevoeiro denso. Os caracóis descuidados atravessam ainda a estrada em grandes perigos arrastando a casa completa. Adiante, nos salgueiros e na caniça, alguns pássaros articulam melodias que quase travam o passo acelerado. Mais adiante grossos pingos subtraídos ao nevoeiro pelo eucalipto com mais de 30 anos caem e, sem piedade, atravessam a camisa.
Adiante um lagostim de água doce atravessa desesperado o alcatrão à procura de uma cova com água que agora vai escasseando. Encosto-lhe o pé e coloca-se em posição de combate.
Regresso pelo lado oposto onde umas flores azuis selvagens e duradouras estão semi-abertas: fecham com sol forte, com vento e com chuva. Uma maravilha de sobrevivência e longevidade.
É tempo de fazer o café, dar uns carinhos ao cão, efectuar uma rega aqui e ali e de alimentar a Deolinda, a Carmelinda, a Florinda ... que me picam as calças não sei se por satisfação pela ração ou uma repreensão pelo atraso.
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