O que interessa é apresentar as sopeiras em crises chorosas de menopausa, um advogado peculiar, uns recados telefónicos e as movimentações em redor. Algum povinho acaba por admirar o tremendo sucesso da criatura e, lá no seu íntimo, a inveja anda de braço dado com a loucura. O regresso de psicoses colectivas com apoio popular como o comunismo, as purgas, o nazismo, as noites de cristal e a queima de bruxas é bem possível nestes tempos de gerações com possibilidade de serem as mais bem informadas de sempre. A distância entre a realidade e o delírio é mais curta que a espessura de um espelho.
O que interessa não é conseguir uma explicação plausível para a abastança evidente da criatura: o que interessa é continuar a fazer parte do espectáculo. As fugas de informação, tão convenientes que foram para apear Souto Moura, são esgrimidas agora de novo. A prisão no recato do aeroporto é comparada a uma em centro comercial de um meliante estendido no chão e algemado. O vitimismo e as promessas de lutas contra cabalas preenchem o imbecil colectivo transmitido com a eficácia do ébola pela comunicação social.
O jornalistas cumprem com rigor o culto da personalidade. Os distintos livros de Filosofia francesa realça a classe, a visita da mulher o culto da família e da solidariedade, o casaquinho para o frio, os testemunhos de quem passa por lá atesta a bonomia e descontracção, a visita do decrépito "pai da nação" vazando pus (agora sem as travas que a idade traz mas sempre a bordo de carro e gasóleo da nação) contra as instituições coloca a cereja em cima do bolo. O animal feroz é transformado na menina dos fósforos.
Era altura de um recolhimento enorme e um repensar profundo de vários aspectos que afundam a democracia de forma irreparável:
- Como pessoas sobem, imparáveis apesar de todos os indícios de falta de idoneidade, pela política acima passando pelo crivo largo dos partidos;
- Como ganham simpatias e apoios de toda uma casta de jornalistas subservientes e outros tantos políticos que por lá já andam;
- Como certos magistrados preferem o convívio de braço dado com o poder político ao recato e clausura na dedicação à profissão evitando tentações.
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