A discussão sobre as escolas com contrato de associação é sintomática da pobreza dos nossos polítiticos mas acima de tudo um indício que o país não poderá tão cedo aspirar a um desenvolvimento sustentado. O que está em causa é apenas a descarada imposição monopolista do estado como único provedor da Educação usando o dinheiro dos contribuintes. O que está em causa ainda é a liberdade na educação: queremos uma escola uniforme, monocórdica, regulada até à exaustão ou uma escola criativa que procure soluções alternativas que produzam melhores resultados que os que temos conseguido?
O Estado, que sempre tem o cuidado de falar em competitividade, usa a sua posição dominante para sufocar outras soluções na educação evitando a todo o custo uma concorrência leal.
A ministra parece ter inveja -uma "qualidade" dos pobres de espírito comunistas- das escolas que tenham melhores condições que a escola pública. Apenas um passado estalinista pelo PCP, imensas leituras do Avante ou de outros Pravdas podem justificar o fraco discernimento desta escritora de histórias infantis. À demonização do ensino privado juntou-se videirinho o sindicato da praxe.
E porque não escolas privadas recebendo por aluno aquilo que o Estado gasta com o aluno no ensino público? A Escola abre, é avaliado o projecto por uma entidade reguladora e passa a prestar serviço. O serviço é bom (avaliado por provas nacionais dos alunos) a escola prospera. A escola impõe-se e ganha prestígio acrescido? Óptimo. Têm lucro? Óptimo. Podem investir em laboratórios, contratação de melhores professores e outras facilidades (piscina, equitação, golfe, matraquilhos, etc) ou gratificar quem criou o projecto. O ensino privado escolhe os alunos? Excelente, é bom poder escolher. O aluno gostará de poder escolher também o seu futuro emprego. Ficam pressionadas as escolas próximas para aumentar a qualidade ou então fecharem.
A Escola não se consegue impor? A pública mais próxima é melhor? A escola privada fechará: não há dramas. A propósito: visitei recentemente o Liceu que frequentei (30 anos depois). Que observei de melhoramentos? Nada! Salas sem aquecimento e geladas, janelas apodrecidas, mobiliário obsoleto, correntes de ar por todo o lado, sala de professores exíguas onde o docente não se pode sentar sossegado para nenhuma actividade, secretarias com pessoas que usam com dificuldade as ferramentas informáticas, jardins sujos e mal amanhados, materiais fotocopiados sucessivas vezes, miúdos aglomerados em pequenos grupos suspeitos, uma burocracia monstruosa para tirar uma fotocópia, quadros interactivos encaixotados, etc.
A educação do Estado é uma maquinaria medonha e pasto verdejante para sindicalistas, lugares de confiança política e doutrinação de associações de estudantes. Vai ser dificil combater os interesses instalados.
O ditame do Estado sobre a Educação da criança da incubadora à morte é imbecil e contraproducente. E digamos que com 30 anos de Escola pública estamos a um nível quase africano nos testes PISA e por mais cosmética que se faça a mudança terá que ser profunda e estruturante, caso contrário iremos convergir ao pior dos países balcânicos ou do Norte de África. Alguém terá que abordar a questão sem sofismas nem ideologias. Afinal há muitos exemplos e alguns até fora da Europa.
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