Nos números da crise vinha um valor que me deixou curioso. Havia em Portugal cerca de 90 000 restaurantes ou seja cerca de um por cada 114 Portugueses.
Que significam estes números?
Vamos supor um pequeno restaurante com três trabalhadores: o proprietário, a cozinheira e o empregado de mesa. Vive-se de salário mínimo custando cada mês de salário 1200 Euros por trabalhador (sim! Impostos, 13º e 14º mês deve dar perto deste valor).
Por mês:
Salários: 3600 Euros
Despesas (Água, luz e gás): 1000 Euros
Aluguer do espaço e outras: 600 Euros
Total: 5200 Euros
A receita: Refeições por 12 Euros e 20% de lucro! Quantas? 2160! (cerca de 70 ao dia). Cada português vai ao restaurante cerca de 19 vezes por mês (claro há os emigrantes, turistas, etc).
O crédito quase de borla à casa, ao carro e às férias deu folga ao tuga que gastou o que lhe sobrava e muito mais que o que podia. Não se poupou! E os Estados viviam também desta ilusória prosperidade cobrando impostos generosos e gastando generosamente também.
Muita gente abandonou as actividades produtivas e partiu para o El-Dorado. Abriram lojas de roupas, de perfumes, de bijuterias e, claro, restaurantes, pastelarias, etc.
Ninguém se humilhava ao facto de passar férias em Portugal, não ir ao Algarve 15 dias e não ir ao restaurante.
Viveu-se "tre-chique" mas a coisa acabou como no milagre Gonçalvista: bancarrota generalizada.
Tempo de localizar a marmita, cozinhar em casa e adiar a compra de uns trapitos de marca ou do perfume novo.
Decorre um ajustamento doloroso!
Tempo de localizar a marmita, cozinhar em casa e adiar a compra de uns trapitos de marca ou do perfume novo.
Decorre um ajustamento doloroso!
Sem comentários:
Enviar um comentário