outubro 04, 2011

Para lá da cortina de ferro

Passei para lá da cortina de ferro várias vezes. É sempre bom falar com colegas que viveram o comunismo nos países que eram o Sol do Mundo. Os que tenho encontrado não têm saudades.

A última vez encontrei um esloveno. Comparámos os salários médios. Não são muito diferentes. Perguntei-lhe quantos salários recebe por ano. Recebe 12 salários e ficou estupefacto quando lhe disse que recebemos 14 trabalhando 11 meses. Estamos a chegar a uma situação que já não há quem nos pague os direitos. As regalias desenvolveram muitos vícios e agora paga-se um preço elevado: os impostos esmagam todos, roubam a vontade de trabalhar, tiram dinheiro da economia. O que produzimos tem um custo elevado e não podemos ser competitivos.

Na Rússia, rica em petróleo, os comunistas rapidamente enviaram o seu dinheiro para contas na Suiça, mudaram de discurso e num ápice deixaram as regalias que tinham para se tornarem donos de ricas empresas: sobrevivem com a riqueza que lhe calhou debaixo dos pés. Os países bálticos e os subjugados pela soberania limitada de Brejnev tiveram que deitar mãos ao trabalho.

Nos países bálticos o estoicismo desenvolvido pela repressão soviética moldou o Povo. O exemplo pode servir para Portugal e muito provavelmente Espanha que no mês de Setembro conseguiu um aumento do número de desempregados nunca visto depois de 1996. Manuel Llamas lembra aqui o renascimento económico da Estónia, Letónia e Lituânia que é importante para exemplo de quem vive em estado de negação ano após ano.

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