As explicações -com as novas e avançadas técnicas pedagógicas que são pensadas, repensadas e reinventadas por um exército de temíveis pedagogos equipados com um vocabulário complexo como um cockpit de um avião comercial- ficaram na moda.
Qualquer puto reguila, que não se porta bem nas aulas e passa o tempo a mandar bilhetinhos à miúda da frente, causa uma compaixão assolapada ao progenitor com as notas do trimestre. Este (o pai), seriamente preocupado pela falta de rendimento da sua cria (o filho), lá diz que o professor não explica bem, que a matéria não lhe entra, que precisava de uma ajudinha, que o puto é esperto mas .. e tal. Solução: um explicador. Há-os (explicadores) para todos os gostos, preços, idades, sexo: aliás qualquer menino que fez a cadeira à 5ª tentativa torna-se explicador depois da pauta afixada.
As lojas de explicadores são também muito explicativas: nomes com "Mentes brilhantes", "Academia do Estudo", etc são comuns e um burro de Mirandela entra por uma porta de 4 e sai em 2 com cartola, uma medalha ao peito e a resolver a equação de Schorodinger com a facilidade de somar 2+2.
Há no entanto um nicho que ainda ninguém se lembrou de explorar e é uma autêntica mina de ouro que matava de inveja o José Eduardo dos Santos: é a explicação política. O problema é que são poucos os que podem beneficiar: é quase como o EuroMilhões. Os felizes contemplados com tal oportunidade são O Ministro das Finanças e o Primeiro Ministro; a clientela toda a oposição.
Há todos os dias um "pedido de explicações", como os desgraçados não tem mãos a medir "devem explicações" e a clientela interessada é de inesgotável interesse pelo "esclarecimento" ou então para "chamar" ou "interpelar" o explicador.
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