janeiro 19, 2013

"Tenho o suficiente"

Não sendo economista não entendo o entusiasmo e o foguetório em que se torna a possibilidade de "regresso aos Mercados". Subitamente o regresso aos mercados tornou-se o Cabo Bojador da economia portuguesa após 2 anos e meio da mudança de governo.  Pelo que percebi o regresso aos Mercado é para continuar a pedir emprestado de forma a poder pagar o enorme encargo da dívida e aumentá-la.

O português está a poupar: os índices de poupança aumentam apesar dos encargos serem cada vez maiores. Impostos, portagens, taxas moderadoras, etc deixam cada vez menos para poupar. Como poupa o Português: não compra carros, compra menos telemóveis, partilha o carro, faz vaquinhas, viaja menos, encurta as férias, troca para uma casa mais barata, prolonga a vida dos seus bens, vai menos ao restaurante, leva comida de casa, dispensou a mulher a dias, renegoceia o seguro do carro, elimina o supérfluo e pensa duas vezes antes de se descartar da família nos divórcios por impulso. 

Os vendedores de carros, os restaurantes, as imobiliárias e as lojas de determinados artigos vão fechando. É pena pelo desemprego que originam mas são indicativos dos fluxos errados que o dinheiro seguiu nestes últimos 20 anos de novo riquismo que o socialismo financeiro, inaugurado nos EUA por Jimmy Carter, trouxe às sociedades. É contudo o sinal de um ajustamento necessário. 

Adquirir casa com empréstimos generosos a 30 anos (com pacotes para mobiliário), carro a crédito em suaves prestações e todas as necessidades highlife a Cartão de Crédito deixou muita margem financeira que transformou os portugueses em gastadores impulsivos e não favoreceu a poupança.  A reconversão está a ser feita: muitos já perceberam o engodo em que caíram e arrepiam caminho. 

O governo tem que dar o exemplo: há muito decerto por onde cortar, poupar e racionalizar. Os sindicatos, se não quiserem morrer de descrédito que causa a seu cretino empenho em manter regalias de poucos cilindrando muitos, terão que colaborar. Foi com os sindicatos que a Finlândia, a Suécia na crise dos anos 90 e a Alemanha de Schroder conseguiram dar a volta a situações económicas muito complicadas. Disse-me uma alemão:
- Muitos tiveram que se agarrar ao trabalho pois o Estado Social diminui consideravelmente. Nem queríamos acreditar como um socialista tomou aquelas medidas. Resultou!  Hoje vivemos muito melhor. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu que nunca gastei o que não tinha nem devo nada a ninguém e sempre consegui poupar algum dinheiro estou também a pagar com isso porquê? O dinheiro que eu não gastei, gastaram-no por mim.

Lura do Grilo disse...

Caro Firehead

Temos que pagar pelos erros de políticos que usam o nosso dinheiro para nos comprar votos.
E quanto mais poupamos mais nos cobram: IMI, combustíveis, IRC, etc. O que diz a minha Maria é que o melhor é não ter nada.