Se há alguma coisa que me fascina é uma árvore: temos, apesar de tudo, bastantes nas cidades. Pachorrenta e conformada permanece no mesmo local indiferente ao tempo, vergando-se ao vento sem se submeter, dando tudo sem quase nada pedir e observando gerações consecutivas. Gerações que chegam e partem sem para elas olhar, sem tempo para sentir o vento, sem oportunidade para agradecer a sombra que permitiu uma conversa mais longa num dia de Verão, sem disponibilidade para apreciar um novo ramo que nasceu e o tronco que aumentou.
São todas de uma beleza extraordinária apesar de serem tão diferentes: umas dão flores perfumadas de cores variadas, outras exibem folhas recortadas com arte, algumas com tronco liso e outras com tronco rugoso. A tília é interessantíssima: se olharmos de baixo para cima percebemos que o interior é completamente desprovido de folhas que se distribuem, como uma ténue roupagem, apenas onde a luz directa chega.
No fim do Verão lá ando de nariz no ar a tentar encontrar sementes que levo para casa e guardo. Curiosamente muitas destas sementes germinam e no fim do Inverno vejo-as romper a terra nos vasos e crescer sem parar. Tenho várias ... não sei como se chamam mas sei de onde colhi a semente. O plátano também nasce de sementes contidas das pequenas esferas que pendem após as folhas caírem.
Ao "criar" uma árvore sinto-me mais próximo do Criador.
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