O divórcio é uma tragédia: empobrece os que se separam, empobrece as crianças e retira-lhes segurança e auto-confiança. Muitas vezes os pequenitos são expostos à violência, ou pelo menos a um amor incompleto, dentro de novas uniões. Por mais exemplos de boa tolerância à separação dos pais, que a comunicação social divulga, é óbvio que o acontecimento é traumático. Uma criança habituada a ver dois rostos desde que abriu os olhos, a ouvir duas vozes e a ser amparada por quatro mãos, não pode assistir sem sofrimento ao desmoronar do ambiente que a acolheu. Na retaguarda da indisciplina nas escolas, na dificuldade da aprendizagem e na irreverência excessiva está uma pequena vingança encapotada.
É quase chocante a leviandade com que hoje em dia se embarca num casamento que termina alguns meses depois. Acreditam realmente que estão a assumir um compromisso sério e estão dispostos a lutar por ele renunciando às inúmeras oportunidade de o trair ou pretendem apenas uma festa para preencher o curriculum de vivências?
O namoro -uma etapa de escrutínio cuidado do outro onde os pequenos factos soltos, os pequenos acontecimentos de cada dia, as palavras e as atitudes a uma miríade de situações banais são pistas que indicam a possibilidade de uma vida em comum sem sobressaltos- está agora curto-circuitado e substituído pelos prazeres imediatos e pelos confortos do não compromisso.
O pular frequentemente de relação em relação, o facto do se conhecerem muito bem (no sentido bíblico do termo) e, em muitos casos, terem vivido juntos não contribui afinal para uniões mais estáveis: antes pelo contrário.
A margem para se ajustarem a um projecto comum já é mínima e está esgotada, a descoberta mútua morreu por nunca ter verdadeiramente existido, a capacidade de oferecer algo exclusivo e inovador não existe: a linha entre o matrimónio e não matrimónio está esborratada. Segue-se a execução alegre, à mínima dificuldade, das leviandades que incessantemente são bombardeadas das novelas e do cinema para a vida real ou da vida real das celebridades para as revistas.
Chocou-me o caso de um amigo confrontando a esposa com uma infidelidade inegável. Ela não explicou, não justificou e não mostrou comoção. Apenas perguntou com um sorriso nos lábios:
- Como descobriste?
Assim está o panorama do divórcio em Portugal. É chique ser divorciado.
Lembro o Jô Soares num sketch em que era Padre e não queria casar:O pular frequentemente de relação em relação, o facto do se conhecerem muito bem (no sentido bíblico do termo) e, em muitos casos, terem vivido juntos não contribui afinal para uniões mais estáveis: antes pelo contrário.
A margem para se ajustarem a um projecto comum já é mínima e está esgotada, a descoberta mútua morreu por nunca ter verdadeiramente existido, a capacidade de oferecer algo exclusivo e inovador não existe: a linha entre o matrimónio e não matrimónio está esborratada. Segue-se a execução alegre, à mínima dificuldade, das leviandades que incessantemente são bombardeadas das novelas e do cinema para a vida real ou da vida real das celebridades para as revistas.
Chocou-me o caso de um amigo confrontando a esposa com uma infidelidade inegável. Ela não explicou, não justificou e não mostrou comoção. Apenas perguntou com um sorriso nos lábios:
- Como descobriste?
Assim está o panorama do divórcio em Portugal. É chique ser divorciado.
-"Para evitar o casa descasa, eu não caso"
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