Gosto de ouvir as histórias do passado que o meu sogro sempre tem para contar na aldeia Natal. Eram tempos de grande carência esses à volta de 1940-50 mas ele conservou uma série de acontecimentos, ditos e memórias de muitas tropelias que fez em miúdo.
Basta caminhar ao lado dele pela aldeia para essas memórias lhe saltarem da boca à vista de um muro de pedra alto (que saltava para ir à fruta), as quelhas por onde fugia, as casas de bonecas que frequentemente aponta e onde "foram criados 6 filhos", os amigos de brincadeiras que partiram para o Brasil e nunca mais voltaram, os caminhos que levavam ao monte, etc.
Eram tempos onde as carroças tinham um rodado de ferro. Veio à baila o Plaininhas. O Plaininhas era o carpinteiro da aldeia. Mandaram-lhe uma criança para pedir uma enxó:
- O meu pai pede-lhe por favor uma enxó para trabalhar umas peças.
- Eu empresto. Mas sabes, tenho medo: ele prepara as peças em cima do joelho e pode magoar-se!
- Não! Não é verdade. O meu pai prepara as peças em cima da roda da carroça.
- Ah ... grande sacana. Diz-lhe que não empresto.
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