outubro 15, 2013

A guerra da Fatinha dos Campos: os custos da austeridade e os custos da solidariedade

Ontem, por um infeliz episódio, vi de novo o Prós-e-Prós. Mas se aquilo era constrangedor agora não está melhor. Diria que está ... horrível pois o tema, o corte das reformas, está na ordem do dia.

Daniel Oliveira assumia o papel de D. Branca: o Estado dá 1 Euro em ajudas sociais e recebe (ou poupa) 1.20 Euros. O negócio é da China e teve sem dúvida um grande sucesso: como vemos. O Daniel Oliveira podia dizer como posso eu, um proletário e sempre na peugada de um capital suficiente para viver, fazer destes negócios.  Daniel Oliveira é boa alma: é solidário.

Vieira da Silva, um estratega da guerra dos 30-40 anos que deveria durar a sustentabilidade do sistema que ele pariu com dados bem urdidos (como diz o outro: os dados se suficientemente torturados acabam por demonstrar o que queremos deles ou, na versão da cultura popular, "contar com o ovo no cu da galinha" como dizia a minha avó "educada" no tempo de D. Carlos), estava esquecido do que assinou pela Troika. A memória é curta mas a reforma deste não deve ser. Vieira da Silva é boa alma: é solidário.

O Camilo Lourenço era trucidado pela plateia: ele falava num bolo que cada um (pensava que) tinha e o bolo tinha sido levado antes da plateia lhe pôr as unhas. Bolo posto- bolo tirado=Bolo mais pequeno. O Camilo é um insensível, um amigo do capital e dos grupos, um impiedoso utilizador da folha de Excel e da aritmética que ensinamos aos miúdos com os dedos esticados entre os 2 aos 4 anos.

Na plateia, reformados qual deles com mais anos de desconto: os outros não apareceram. O sistema de solidariedade estava a ser não solidário: eles tinham posto o dinheiro no sistema solidário mas depois não o recebiam todo. Que aborrecimento! Um sistema solidário é aquele em que todos recebem o que descontaram ou mais. Visivelmente não solidários com os que antes deles levaram a parte do bolo (os pais e avós) tratam agora da sua vidinha e fazem tudo para o sistema solidário não chegar aos que neste momento esperam por ele e para ele pagam. Os reformados são boas almas mas com grande tendência ao (in)solidário.


1 comentário:

Anónimo disse...

Pois descontaram e descontaram muito e muitos anos, mas não foi para eles, foi para os pais deles. E nós agora descontamos muito e muitos anos, mas não é para nós, é para os nossos pais e para eles.
Eles ainda têm reforma, cada vez mais pequena, mas têm reforma. E nós? Será que vamos ter reforma?
Pois então têm que aguentar é melhor receberem algum do que não receberem nada. E ainda não estão livres de a "torneira" se fechar e não haver dinheiro nem para eles, nem para os vencimentos dos func. públicos... É a solidariedade do "venha a nós"