Apesar de liderado pelo Egipto e Síria, o ataque a Israel no “Yom Kippur” (Dia da Expiação) de 6 de Outubro de 1973 foi de, pelo menos, mais dez países, entre árabes (Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Líbano e Jordânia) e do Norte de África (Líbia, Argélia, Tunísia, Sudão e Marrocos) que contribuíram ativamente para o esforço de guerra sírio-egípcio em tropas, equipamento militar ou apoio financeiro. E a verdade é que, de início, os Estados Árabes ganharam vantagem e o seu objetivo continuava bem claro: a destruição do Estado de Israel. Contavam também com o apoio material da União Soviética que os abastecia por mar e por ar e que rejeitou um pedido dos Estados Unidos para um cessar-fogo. A ONU não tomou qualquer iniciativa perante o ataque a um seu Estado membro parecendo, antes, querer assistir à derrota completa de Israel. Nos Montes Golan, aproximadamente 180 tanques israelitas enfrentavam 1.400 tanques sírios e ao longo do Canal do Suez, menos de 500 soldados israelitas foram atacados por 80.000 egípcios. Apenas a 13 de Outubro a ajuda americana teve início, quando os Estados Unidos decidiram efetuar uma ponte aérea de apoio a Israel.
Não tendo tido tempo para se preparar, Israel esteve na defensiva nos dois primeiros dias da guerra, sofrendo pesadas baixas. A situação chegou a uma gravidade tal que Moshe Dayan, o herói da Campanha do Sinai e da Guerra dos Seis Dias, horas depois do início do ataque egípcio-sírio, entrou no gabinete da Primeira-Ministra Golda Meir e perguntou-lhe se ela pretendia que ele se demitisse, o que Golda liminarmente recusou. E em visita à frente norte no segundo dia de guerra, 7 de Outubro, Dayan encontrou as defesas dos Golan na iminência do colapso. De imediato telefonou ao Major-General da Força Aérea Benny Peled para que abortasse um ataque em larga escala às defesas aéreas egípcias que se encontrava a decorrer e enviasse imediatamente os seus aviões para norte. “O Terceiro Templo está em risco” referiu, aludindo ao Estado de Israel. Se na frente egípcia o Canal do Suez separava os dois exércitos e, por outro lado, a vastidão do Deserto do Sinai oferecia amplo espaço de manobra, já na frente síria não havia qualquer espaço para recuos e apenas um fosso anti-tanque, ainda por concluir, poderia dificultar um avanço sírio. Para além disso, os Sírios, assim como os Egípcios, estavam agora equipados com os novos mísseis terra-ar SAM (Surface to Air Missile) de fabrico soviético, pelo que os aviões israelitas teriam que se concentrar primeiro nestes e não apenas no seu objetivo principal de apoio às suas tropas no solo.
Com a mobilização dos reservistas, o sentido dos acontecimentos começou a mudar. Israel expulsou os invasores e levou os combates para dentro dos territórios egípcio e sírio. À semelhança da Guerra dos Seis Dias, novamente o Cairo e Damasco estiveram à mercê das forças israelitas que avançaram até 67 km do Cairo e 40 km de Damasco.
E duas semanas depois do início da guerra, o Egipto foi salvo de nova derrota desastrosa pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas que decidiu atuar quando a situação se tornou desfavorável aos Árabes, adoptando, a 22 de Outubro, a Resolução 338 que apelava a “todas as partes do presente combate a cessarem todas as hostilidades e a terminarem imediatamente toda a actividade militar.” Por outro lado, também se apelava “às partes em causa a iniciarem imediatamente após o cessar-fogo a implementação da Resolução 242 do Conselho de Segurança (de 1967) em todos os seus pontos.” Coincidência ou não, a votação ocorreu no dia em que o Exército Israelita cortou a retirada e isolou o Terceiro Exército Egípcio e estava em posição de o destruir.
Nesta guerra os países árabes utilizaram uma nova arma política: após onze dias de guerra, aplicaram um embargo de petróleo ao Ocidente que veio a quadruplicar os preços do crude e a evidenciar a dependência ocidental do petróleo árabe, o que se refletiu num maior isolamento internacional de Israel, de que foi exemplo a recusa dos países da Europa em autorizarem as escalas nos seus territórios dos aviões de transporte americanos durante a ponte aérea para Israel. Só Portugal deu essa autorização, através da utilização da Base das Lajes nos Açores.
Se a Guerra do Yom Kippur fez os Árabes perceberem que nunca conseguiriam destruir o Estado de Israel através do confronto direto, ela teve um enorme impacto social e emocional em Israel: pelo elevado número de baixas sofridas para um pequeno Estado cercado que luta pela sua sobrevivência e pelo sério abalo na confiança quase ilimitada na sua segurança que a Guerra dos Seis Dias tinha trazido.
Nesta guerra os países árabes utilizaram uma nova arma política: após onze dias de guerra, aplicaram um embargo de petróleo ao Ocidente que veio a quadruplicar os preços do crude e a evidenciar a dependência ocidental do petróleo árabe, o que se refletiu num maior isolamento internacional de Israel, de que foi exemplo a recusa dos países da Europa em autorizarem as escalas nos seus territórios dos aviões de transporte americanos durante a ponte aérea para Israel. Só Portugal deu essa autorização, através da utilização da Base das Lajes nos Açores.
Se a Guerra do Yom Kippur fez os Árabes perceberem que nunca conseguiriam destruir o Estado de Israel através do confronto direto, ela teve um enorme impacto social e emocional em Israel: pelo elevado número de baixas sofridas para um pequeno Estado cercado que luta pela sua sobrevivência e pelo sério abalo na confiança quase ilimitada na sua segurança que a Guerra dos Seis Dias tinha trazido.
João Monteiro
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