agosto 05, 2010

The Special One


É verdade! Já fui um exímio apanhador de grilos. Não é fácil especialmente sem recorrer a água. A captura de um era um processo que requeria três passos essenciais:

- Aproximação furtiva: deslocamento lento e silencioso até à proximidade da toca. Com algum jeito podia-se ver o insecto a cantar à porta.

- Um movimento rápido final que poderia permitir o fecho da toca ou obrigá-lo a fugir precipitadamente para dentro dela, ou seja de cabeça para baixo.

- Esperar alguns minutos pois regressava à entrada para dar a volta e nesse momento fechava-se a dita toca como polegar. Despejar água na toca também resultava.

Esta foi a técnica que usei 40 anos mais tarde. Não resultou! O grilo do meu tempo tinha uma toca muito bem feita -redonda e com uma entrada vasta e plana- debaixo de um tufo de erva verde o que permitia descobri-la rapidamente em caso de insucesso no 1º passo. Agora constato que ele se refugia num qualquer buraco mal amanhado no terreno. Ou seja o grilo tornou-se relapso e mandrião num curto espaço de tempo.

Porquê? Não sei. Talvez um qualquer biólogo possa vir a interessar-se pelo caso.
Parecem-me também mais pequenos mas se calhar fui eu que cresci.

Por fim consegui apanhar dois: o primeiro escapou entre as grades dos aposentos; o segundo, que canta toda a noite a ponto de ser obrigado a pernoitar no peitoril da janela, ganhou novos aposentos "Made in China".

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