O A. era um bom companheiro e um aluno médio. De um lugar próximo vinha para o Liceu de bicicleta. Nunca o vi envolvido em brigas e dava-se bem com todos os colegas. Um dia houve um furo: uma professora faltou e, nesse tempo, não havia aulas de substituição: apenas o período de socialização que agora quase não existe. Corremos para fora da escola -não era murada pois não havia necessidade- atravessámos uns campos, saltámos alguns muros, iludimos uns rafeiros e fizemos uma partida de futebol no campo municipal.
O E. assentou uma biqueirada na bola e ... pimba acertou em cheio no crâneo do D. que caiu redondo no chão. Foi o A. que na primeira aflição acudiu ao colega aturdido e o animou. O tempo passou e, com o 25 Abril pouco depois, chegou a droga. O A. passou a ter relacionamentos pouco saudáveis.
Acabado o Liceu mudei para outro (para concluir os antigos 6 e 7ºano) e encontrei o A. uns anos depois: estava magro, dentes muito estragados e os olhos vazios de esperança. Perguntei-lhe pela vida.
Disse-me ter conseguido um trabalho de camionista -tinha tirado a carta de pesados- mas em dois meses causou dois acidentes sérios: tinha sido despedido. Desejei-lhe sorte.
Vejo-o agora deambular de bicicleta por qualquer lugar sem destino aparente, roto, despenteado, barba sempre de muitos dias, magro e sujo. Tento falar com ele mas esquiva-se e isso magoa-me. Aparece na Igreja sempre com alguma coisa na mão: uma folha seca, um pedaço de cana, umas espigas de trigo e uma das vezes trazia um ramo de oliveira. Quereria fazer a paz? Pedir uma nova oportunidade? Por vezes fica ao pé de mim e dos meus filhos mas afasta-se antes do abraço da paz. Porquê? Sinto-me culpado como amigo ou pelo menos como irmão.
Quem sabe se uma pequena ajuda no momento certo, uma conversa, um abraço, um carinho não teriam sido suficientes para dar outro sentido a esta vida.
O E. assentou uma biqueirada na bola e ... pimba acertou em cheio no crâneo do D. que caiu redondo no chão. Foi o A. que na primeira aflição acudiu ao colega aturdido e o animou. O tempo passou e, com o 25 Abril pouco depois, chegou a droga. O A. passou a ter relacionamentos pouco saudáveis.
Acabado o Liceu mudei para outro (para concluir os antigos 6 e 7ºano) e encontrei o A. uns anos depois: estava magro, dentes muito estragados e os olhos vazios de esperança. Perguntei-lhe pela vida.
Disse-me ter conseguido um trabalho de camionista -tinha tirado a carta de pesados- mas em dois meses causou dois acidentes sérios: tinha sido despedido. Desejei-lhe sorte.
Vejo-o agora deambular de bicicleta por qualquer lugar sem destino aparente, roto, despenteado, barba sempre de muitos dias, magro e sujo. Tento falar com ele mas esquiva-se e isso magoa-me. Aparece na Igreja sempre com alguma coisa na mão: uma folha seca, um pedaço de cana, umas espigas de trigo e uma das vezes trazia um ramo de oliveira. Quereria fazer a paz? Pedir uma nova oportunidade? Por vezes fica ao pé de mim e dos meus filhos mas afasta-se antes do abraço da paz. Porquê? Sinto-me culpado como amigo ou pelo menos como irmão.
Quem sabe se uma pequena ajuda no momento certo, uma conversa, um abraço, um carinho não teriam sido suficientes para dar outro sentido a esta vida.
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