A falta de ideias para a Educação, o desejo de imediatismo e uma total ausência de estratégia para promover um ensino sério, conduziu ao Magalhães. Este projecto é antigo e nasceu nos EUA para levar a informática aos pobres: nada tem de novo nem de positivo e havia na altura muitos especialistas contrários a esta via.
São várias as razões que qualificam esta iniciativa como um monumento ao disparate:
- É um brinquedo caro: trata-se de um novo riquismo indecoroso. Rapidamente ficará desactualizado e irá para o lixo dentro de 2/3 anos como uma peça tecnológica obsoleta .
- Não se trata de um esforço do governo mas sim o cumprimento de cláusulas na venda de licenças do espectro electromagnético aos operadores. Estes contratos podiam ter sido melhor negociados e o Estado teria arrecadado mais verbas para investir na educação.
- O Magalhães é apenas um chamariz para o utilizador comprar serviços de Internet pela rede móvel e se fidelizar a uma operadora.
- O software é de baixa qualidade e os filtros parentais para navegar na Internet são facilmente contornáveis.
- As famílias mais pobres não beneficiam. Antes pelo contrário: com dificuldade em ganhar para o pão são levadas a adquirir um bem que não necessitam e ficam com um encargo durante vários anos.
- Não contribui para a aprendizagem: apenas para criar destreza em operações banais (abrir/fechar janelas, usar superficialmente programas, etc). A utilização avançada dos programas requer formação presencial e dedicada. Os miúdos mais novos não têm maturidade para adquirir estes conhecimentos.
- Subjacente a este modelo está a ideia que Internet é um tesouro enterrado que urge descobrir para aprender. Absolutamente errado: para explorar informação na Internet é antes de mais necessário ter conhecimentos fundamentais e capacidade crítica.
- Um ensino rigoroso exige professores competentes e muito trabalho individual dos alunos. Desenvolver uma criança de forma a torná-la capaz de ler, interpretar, ter espírito crítico e criar coisas novas é um desafio bem mais difícil que entregar um computador. Para isto não é necessário usar o quadro interactivo nem artefactos com elevada tecnologia. Basta professores com sólidos conhecimentos na sua área e estratégias baseadas na experiência lectiva: não em alarvidades aprendidas nas inúteis cadeiras de pedagogia. Os professores devem ter conhecimentos genéricos de informática para preparar alguns materiais.
- Mais que possuir um gadjet é a formação que uma escola rigorosa e exigente entrega a uma criança/adolescente/jovem o único factor que propícia o sucesso para a vida. Esta é a riqueza que não se vê e ajuda a fugir à pobreza e ao subsídio crónico.
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