Mas não faz grande diferença. Resulta evidente que o espancamento foi ainda um acto de maior desumanidade, vileza e cobardia do que o inicialmente suposto: a vítima era afinal bem mais frágil.
A vida humana não vale absolutamente nada: antes de nascer é vítima da discricionariedade de um qualquer capricho do polegar para baixo ou para cima (como os todos poderosos imperadores romanos que decidiam quem vivia) depois de nascer é vítima de outros que não foram educados para a respeitar. A vida dos outros é uma unidade a carbono que, de repente, se pode tornar incómoda.
A cultura que grassa é a violência gratuita que germina numa sociedade sem justiça e sem valores que continuamente passa mensagens desculpabilizantes: primeiro desculpa-se a ela própria depois desculpabiliza quem comete a violência.
Vivemos ainda uma espécie de encantamento de liberdades, direitos e garantias … mas tantas e tão extremadas que iremos lentamente dar conta que afinal de nada nos servem quando nos tornamos vítimas.
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