abril 07, 2009

A triste história de um telemóvel

Eu estava ainda na caixa e ouvi. Um adolescente falava com a sua mãe:

- Mãe, Mãe é mesmo este que eu queria!!

- Mas filho é um pouco caro. Eu acho que ficavas bem servido com um mais barato. Sabes a ..vida custa.

- Mas Mãe os meus colegas têm. Anda … por favor.

Eu era feliz. Os dedos do adolescente escorregavam docemente pelo meu corpo e com pressões delicadas eu aceitava fazer tudo o que ele pedia: lembretes, toques, enviar mensagens, tudo eu cumpria … até servia para telefonar. Os olhos dos outros pousavam em mim e sentia-me orgulhoso e alvo de todas as atenções. Mas o tempo foi passando e, seis meses depois, vi que já não me era dada tanta atenção.

Passava mais tempo no bolso como que escondido e outros cativavam agora o interesse que eu tinha despertado. Ouvia falar em coisas estranhas: Bluetooth, 3G, Wi-Fi, sistema operativo e máquina fotográfica. Mas eu era bem mandado ainda e continuava a fazer chamadas: nunca o meu dono chegou atrasado por minha culpa.

Fiquei triste quando deveria ter ido a uma excursão e o meu dono teve vergonha de me levar pois não tirava fotografias … eu um telefone. Ele agora perguntava preços de outros e lamentava que eu não avariasse de vez.

Um dia sentou-se num banco, olhou-me com desdém… e colocou-me ao seu lado. Saiu devagarinho e não me levou com ele. Primeiro pensei que fosse esquecimento mas cedo percebi que deixei de ser útil embora ainda faça chamadas.

Adivinho o que vai acontecer este fim de semana, passados 9 meses de ter visto a luz do dia:

- Mãe, Mãe é mesmo este que eu queria!!

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