O último assalto sindical intitulado como "Greve Geral" desnuda a estratégia dos sindicatos: saquear o bolso de todos para entregar àqueles que têm um forte poder reivindicativo. Basta uma tropa de choque num cargo apropriado de uma empresa pública para parar toda a actividade laboral.
Fiquei impressionado com o forte poder económico dos sindicatos: carrinhas carregadas de propaganda foram despejando pelas cidades um enorme conjunto de bandeirolas que ainda estão penduradas pelos postes: a intempérie e a velhice causará a sua queda. Carros passeavam despejando propaganda sonora. Cartazes nos viadutos, pontes e outros pontos críticos também não faltaram.
Entrevistas aos grevistas mostravam a preocupação que os assaltava: "perda de subsídios" e "corte nas horas extraordinárias". Hoje há subsídio para tudo: até para se ser pontual no posto de trabalho. Piquetes agressivos não conseguiam perceber que poderia haver pessoas que queriam trabalhar: impediam a circulação e ameaçavam. Algures uns reformados impediam um comboio de sair da estação. Um desígnio totalitário sem dúvida.
Houve tempos em que a luta dos sindicatos era justa: más condições de higiene, deficientes condições de segurança, excesso de horas de trabalho, etc. Conseguidos esses justos direitos os sindicatos tornaram-se apenas grupos de pressão para esventrar as galinhas de ovos de ouro alimentadas com ração alheia. Urge reformar o sindicalismo pois foi assaltado por forças anti-democráticas e inimigas do trabalho e da liberdade. Esquecendo que as conquistas sindicais foram conseguidas todas a Oeste, e não a Leste, os sindicatos actuais transportam sementes de contradição: lutam contra quem lhes permitiu no passado liberdade e progresso para obterem um justo sucesso.
Além disso cheira tudo a velho: Símbolos? Velhos! Discurso? Velhos! Slogans? Velhos! Conceitos de Empresa? Velhos. Dirigentes? Vetustos! Se os políticos estão pela hora da amargura pela reputação, os sindicalistas não estão melhores.
Ainda não os vi a convidar desempregados a ir trabalhar, a pedir regras mais flexíveis para a concessão e utilização do subsídio de desemprego (ir trabalhar não vale a pena: perde-se dinheiro e pode-se perder o subsídio durante seis meses) e a prescindir de regalias que usufruem pelo facto de serem sindicalistas.
Enquanto uns se manifestavam de papo cheio outros iam trabalhar e não compreendiam. "Tengo un niño en casa que no puede trabajar e una mujer que no quiere" justificava-se um divertido artista de rua na Praça del Sol que fazia truques com cartas e aros. Dizia-se cubano e intitulava-se "cabron del Negro" que são afinal todos os que aturam estes grevistas.