"Quase duas centenas de líderes empresariais norte-americanos
fizeram publicar no New York Times um anúncio de página inteira, contra as leis
de limitação do aborto que vários Estados dos EUA têm aprovado. Dizem que
restringir o aborto é "mau para o negócio" e que impede o patronato
de construir "uma mão-de-obra mais diversa".
Numa palavra, estes empresários queixam-se de que, sem aborto
legal, fica mais difícil contratar mulheres. Porquê? Porque não querem
pagar-lhes licenças de maternidade, nem aceitam o esforço de encontrar
trabalhadores substitutos para o período que a licença dura. Melhor seria,
pois, que as mulheres fossem estéreis, ou que abortassem, sacrificando a
maternidade e a família em nome do lucro da empresa onde trabalham.
Nos liberalíssimos Estados Unidos, continua a não existir uma
lei que obrigue as empresas a conceder licenças de maternidade. É o único país
do mundo - além da Papua Nova-Guiné, do Suriname e de alguns ilhéus na Oceania
- nesta situação. À esquerda radical, esta injustiça dilacerante interessa
pouco. Preferem celebrar a coragem destes empresários, que dizem que o aborto é
bom para o negócio.
É por isso que digo que a esquerda abandonou os trabalhadores em
troca da causa moderninha que estiver na moda.
É por isso que digo que a
direita, se quiser ser consequente com o seu conservadorismo; se quiser
defender a vida, a família, a dignidade da pessoa humana e a prioridade do bem
comum, tem de deixar de brincar aos liberalismos e perceber que tem campo
aberto, fora do espaço socialista, para um discurso personalista e
social.", por António Pedro Barreiro
Sem comentários:
Enviar um comentário