janeiro 01, 2016

A perspectiva cristã

Provavelmente, nunca vivemos um tempo tão temeroso da verdade. Esse temor se expressa através do relativismo, do niilismo, do cinismo, do ceticismo e várias outras doenças do espírito. Tais enfermidades têm um canto de sereia envolvente – a facilidade com que se chega ao cume dos seus argumentos.

Por outro lado, emergem versões das mais variadas formas de cientificismo, tentando nos convencer de que o império do conceito é a única maneira de nos relacionarmos com o mundo que nos envolve. Para estes, esse mundo pode ser, gradativamente, resumido a uma idéia, um sistema, uma equação. Assim, o que não vier dos esforços experimentais da ciência é considerado futilidade, ilusão, engano, delírio.
O cristianismo tem sido a maior e mais consistente alternativa a essas patologias modernas do espírito; não é à toa que é a religião mais perseguida do mundo, por mais que isso não figure com o devido destaque nas manifestações da imprensa. 

Assim, em tempos de tanta desorientação e numa conjuntura de perseguição sistemática, a permanência e a força do cristianismo me parecem um milagre e uma necessidade. Faz lembrar-me de uma passagem do texto sagrado que se refere à crucificação e à desistência do soldado romano de quebrar os ossos do Cristo, após ter quebrado os dos homens que lhe ladeavam, como mandava a tradição.
Cumpria-se mais uma profecia: “Iahweh guarda seus ossos todos, nenhum deles será quebrado.” (Salmo 33). Bela imagem da história do cristianismo: conseguem até saturá-lo de dores e perseguições, mas não eliminá-lo, como foi (e continua sendo) a vontade de setores importantes das “luzes” modernas.
Portanto, não é demais lembrar, principalmente aos cristãos, que a afirmação dessa tradição depende, profundamente, de uma busca permanente da verdade, da pesquisa incansável e de um esforço racional sistemático. Nada disso exclui a fé. 

Escrito por Rodorval Ramalho | 30 Dezembro 2015 Artigos - Cultura 

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