Provavelmente,
nunca vivemos um tempo tão temeroso da verdade. Esse temor se expressa
através do relativismo, do niilismo, do cinismo, do ceticismo e várias
outras doenças do espírito. Tais enfermidades têm um canto de sereia
envolvente – a facilidade com que se chega ao cume dos seus argumentos.
Por
outro lado, emergem versões das mais variadas formas de cientificismo,
tentando nos convencer de que o império do conceito é a única maneira de
nos relacionarmos com o mundo que nos envolve. Para estes, esse mundo
pode ser, gradativamente, resumido a uma idéia, um sistema, uma equação.
Assim, o que não vier dos esforços experimentais da ciência é
considerado futilidade, ilusão, engano, delírio.
O
cristianismo tem sido a maior e mais consistente alternativa a essas
patologias modernas do espírito; não é à toa que é a religião mais
perseguida do mundo, por mais que isso não figure com o devido destaque
nas manifestações da imprensa.
Assim,
em tempos de tanta desorientação e numa conjuntura de perseguição
sistemática, a permanência e a força do cristianismo me parecem um
milagre e uma necessidade. Faz lembrar-me de uma passagem do texto
sagrado que se refere à crucificação e à desistência do soldado romano
de quebrar os ossos do Cristo, após ter quebrado os dos homens que lhe
ladeavam, como mandava a tradição.
Cumpria-se
mais uma profecia: “Iahweh guarda seus ossos todos, nenhum deles será
quebrado.” (Salmo 33). Bela imagem da história do cristianismo:
conseguem até saturá-lo de dores e perseguições, mas não eliminá-lo,
como foi (e continua sendo) a vontade de setores importantes das “luzes”
modernas.
Portanto,
não é demais lembrar, principalmente aos cristãos, que a afirmação
dessa tradição depende, profundamente, de uma busca permanente da
verdade, da pesquisa incansável e de um esforço racional sistemático.
Nada disso exclui a fé.
Escrito por Rodorval Ramalho | 30 Dezembro 2015 Artigos - Cultura
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