maio 18, 2009

Perguntas que não ofendem

Passou hoje na TVI uma reportagem sobre a agricultura portuguesa. O tema diz-me muito: trabalhei nela. Adolescente ainda levantava-me quando o sol acordava também. Apanhar batatas, desfolhar milho, regar, carregar feno e erva eram tarefas duras especialmente debaixo do calor e do pó. À noite, no banho, a água corria pelo corpo como lama. O sono chegava num instante e no dia seguinte a mesma dose. Os períodos de aulas eram umas ricas férias e as férias grandes significavam grandes trabalhos.

Fiz tudo para fugir a esta vida mas respeito muito quem arranca da terra o seu sustento.

A agricultura portuguesa está a morrer: os agricultores envelheceram, não vendem ou vendem barato e não ganham para a "bucha". Vejo campos outrora cultivados ao abandono e gente empobrecida e vergada que a morte vai libertando do fardo que ainda arrasta. O ministro da agricultura sentado confortavelmente num sofá, sem se ruborizar nem cofiar o bigode, lá ia dando uns palpites e umas desculpas:
"Eu não gosto mas..."
"O agricultor tem que se convencer que.."
"O agricultor deve.."
"etc, etc"

Além de andar em veículos todo-o-terreno a caçar no Algarve eu pergunto: Para que serve este ministro?

1 comentário:

margarida disse...

Todo o respeito a quem semeia e colhe. A quem moureja denodadamente; a quem sacrifica madrugadas, noites, fins-de-semana.
A quem não tem férias!
A quem ama a terra que dá sustento e realização!
A quem ama o que faz, por mais que doa.

E existem os pescadores..., lavradores do mar.
Tanto ser humano que tanto dá e tanto sacrifica e tão pouco é reconhecido, respeitado e benquisto...
Oportuníssima referência.
Justo protesto!