Por variações estranhas do campo magnético, avaria da torre de controlo, perda de sincronismo do GPS ou outra diabrura aterrou no meu quintal uma pata. Deve ter-se escondido pois não tinha espaço para lançar voo até que foi descoberta pelo cão e, fugindo, estatelou-se contra o tronco de uma árvore.
Ficou imóvel e esticada: afastei o cão, apanhei-a e coloquei-a debaixo do braço.
Levei-a para outra parte do quintal e, enquanto alimentava a capoeira, coloquei-a no chão. Pelo canto do olho vi-a deslizar como um comando para junto ao muro e desaparecer entre as ervas. Nunca mais lhe pus a vista em cima.
Contei o episódio em casa à mesa. Diz a mulher:
- Devias ter-lhe cortado as asas.
- Pois, nem me lembrei. Assim não podia fugir e tínhamos uma pata.
O miúdo ficou gelado.
- Oh, Oh ... estão malucos. Isso não se faz!
Eu respondi-lhe.
- Claro que se faz. Quando as aves podem fugir é habitual cortar as asas. Não sabias?
- Vocês estão todos malucos: e saiu indignado.
Ficámos a olhar uns para os outros sem perceber o motivo. Depois explicámos que não tencionávamos amputar o bicho mas apenas cortar as penas das asas.
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