"Já a propaganda é outra coisa. Até eu caí nessa quando anos atrás me apresentaram um casal cujo marido sofria de retinose pigmentar. Gente humilde. Ela servente, ele guarda noturno. A enfermidade lhe destruía a visão e tinham ouvido que em Cuba isso tinha cura. Orientei-os sobre como proceder com vistas a obter ordem judicial para o tratamento, acompanhei o processo e lá se foram eles para Havana. O SUS pagou a viagem do casal, os procedimentos médicos, o tratamento posterior e a alimentação. Um dinheirão.
E daí? Bem, eles voltaram estarrecidos com a miséria que viram. Funcionários do Hospital Camilo Cienfuegos passavam nos quartos dos estrangeiros indagando se podiam levar para suas famílias o que eventualmente restava da alimentação servida. Ao obterem alta, a senhora deixou com as servidoras as próprias roupas. Uma granfina brasileira? Não, gente humilde daqui escandalizada com as carências de lá. E o marido? Inutilmente retornou mais tarde à ilha. A doença seguiu seu curso, conforme haviam advertido oftalmologistas brasileiros. Mas a propaganda, ora, a propaganda é a alma dos negócios também no comunismo."
Autor: Percival Pugina
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