novembro 01, 2009

Dia de Todos os Santos

Levanto-me não muito cedo. Preparo o pequeno-almoço. Saio para entregar aos contentores de reciclagem os papéis e os plásticos acumulados: vou de bicicleta. Está um dia cinzento, parado, triste, melancólico.
Resolvo passar pela rua que tantas vezes percorri em miúdo. Casas algumas já não existem, outras ainda existem e muitas novas ocuparam terrenos de milho, batata e legumes. Tanta gente que partiu já.
O Avô de um colega de escola andava muito de bicicleta enquanto pôde; mais um velhote quase sempre à porta pelos menos até às 23h e das 5h em diante – o quarto era demasiado pequeno para a asma e o tabaco de décadas o deixarem respirar; outro rapaz partiu com meia idade destruído por uma cirrose e vida pouco regrada–emprestava-me muita banda desenhada e deixou-me dar uns tiros com pressão de ar; mais adiante outro velhote que deixava uma bicicleta velha junto à vinha para dar a ilusão que estava por perto; a minha catequista sempre de sorriso nos lábios; um amigo de futebol domingueiro tão jovem comido por um cancro mas que sempre tranquilizava a mulher e a filha; a minha avó que velhinha já andava quase 3km para ir à Missa –comia em casa da irmã de onde trazia em Dezembro uns dióspiros maravilhosos (vermelhos, encarquilhados e uma coroa preta no lado oposto ao pedúnculo); outros … tantos.
Outros pensaram isto que escrevo, isto que escrevo aqui fica num qualquer servidor e sobre mim talvez um dia alguém escreva.

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