A linguagem torpe e ordinária de Mário Nogueira, professor sem aulas vai para mais de 20 anos, para o seu superior hierárquico Nuno Crato é repugnante; um bullying sindical. O Estado não deve financiar propaganda partidária pelo facto do mensageiro ser apenas sindicalista. Os professores arriscam-se a ser igualmente desrespeitados pelos seus alunos. A decomposição da estrutura hierárquica na Escola, na Família e nas Instituições tem um preço social elevado.
Já aqui abordei o assunto. Quando era pequeno o meu Prof era um Deus: eu temia-o mas parte do meu respeito era por o ver como sabedor.
- Ele estava em cima de um estrado que era a sua área reservada. Tinha uma vista soberba da sala como um senhor do cimo do seu castelo. Pisar aquela área era uma aventura.
- Ele tinha uma secretária enorme, com gavetas onde guardava coisas misteriosas (uma era a palmatória), que eu sonhava ter.
- Ele tinha a chave do armário onde se guardavam cadernos de 2 linhas que recebíamos da Caixa Escolar após esgotar completamente o caderno anterior. Ele espreitava cada página para confirmar o uso do caderno. O caderno novo era tão cheiroso, tão perfeito que nem apetecia iniciar.
- Ele tinha o poder de chamar os pais quando nos excedíamos ou não cumpríamos. Era melhor que não o fizesse: uma reguada era preferível.
- Ele deitava uma olhada ao recreio.
- Era tratado por Sr. Professor por rapazes, empregadas e pais: todas as sílabas eram pronunciadas com rigor.
- Ele era fiscalizado e, aprumadinho, apresentava com orgulho a sua turma ao Sr inspector. O Sr Inspector revistava os materiais e tratavam-se por Sr Professor e Sr Inspector. Percebíamos que havia alguém a quem ele tinha que prestar contas como nós tínhamos a ele.
Pensei: um dia serei como ele ou como o inspector. Terei uma secretária grande, serei chamado de Sr Professor, subirei ao estrado, terei giz à vontade para escrever e irei conseguir acender o fogão de lenha no canto da sala.
Hoje desapareceu o estrado, a secretária grande, o título do Prof é sôtor, sossor, muitas vezes é tratado apenas pelo nome e tem sempre algum receio de chamar os pais. É insultado por pais e alunos.
Entramos numa repartição pública e os trabalhadores tratam o chefe do serviço com um igual : "Oh, Pires anda cá que és o chefe".
Não vale a pena trabalhar para ganharmos reconhecimento: já somos iguais.
1 comentário:
É como a figura do polícia. Autoridade cada vez menos. Ou nula mesmo.
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