dezembro 20, 2013

A Paz, o Perdão e tal conversa para o boi dormir

Descansando já Mandela, descansando nós também e andando em grande alvoroço a família Mandela pela herança, chega a altura de arrumar este assunto. A Fundação Mandela já está em agitação e a estátua de nove metros cumpre também o objectivo: não esquecer o cidadão Universal, o cidadão do Mundo, o legado de paz e da sociedade multi racial. Já é invocado pela ETA e todo o bicho careto. O incenso já se dissipou e o discurso mais ouvido era o perdão, a reconciliação, etc .. tudo angelical se não reconhecermos quem são os entusiasmados com tanto bom coração.

A questão da paz e do perdão é um assunto efémero pelas ruas da esquerda, cuja principal força electromotriz é semear a desordem, activar a vingança ou a desforra logo que saiam da mó de baixo (por força da tal paz e do perdão). A coisa começa pelas Comissões de Verdade, de Verdade e de Justiça, Memórias Históricas, Reconciliação, Legados de Paz, Não esquecer e outras parecidas como levantar relíquias de venerandos e venerados lutadores pela (sua) paz. Vamos lembrar:
  • Espanha. Memória histórica. Depois do Parlamento ter votado por (quase) unanimidade uma lei para encerrar a época Franquista a vontade de desforra emergiu passando por cima da tal reconciliação. Levantaram valas comuns atribuídas a Franco e esqueceram todas as outras levantando divisões antigas com Carrillo a rir-se de Paracuellos. No meio da orgia fúnebre esgravataram terreno à procura de Lorca e encontraram umas latas velhas, esgravataram valas comuns e ossadas que afinal eram de asnos: uma palhaçada.
  • No Brasil igual. Terroristas, sequestradores, bombistas e o que resta deles, depois de enfrentamentos mal sucedidos com o exército, são agora afanosamente procurados com o mesmo entusiasmo de quem busca pepitas.
  • Na Venezuela não deixaram descansar Bolívar. Andaram aos trambulhões com as ossadas e até o retrato do "Libertador" se transformou para assumir parecenças com Chavez e a sua luta de emancipação popular do capitalismo do papel higiénico, frango, harina pan, allacas e arepas na prateleira da loja.
  • Bolívia. Uma terrível obsessão por Che levou a que carregassem qualquer coisa para Cuba.
  • Chile. O desgraçado e desgraçador Allende lá foi fumigado para revelar uma verdade inconveniente: suicidou-se para desgraça da propaganda. Falhou Allende mas ..
  • Argentina. Pablo Neruda, que rapidamente se pôs ao fresco de Espanha deixando mulher e filha ao abandono, podia ter sido envenenado pelos malvados que detestam massas. Nada ... afinal morreu de morte natural.
  • Colômbia. Igual. Esquadrinham palmo a palmo terrenos difíceis para buscar terroristas que por ali caíram e não foram carregados pelos soldados. Uma desumanidade destes: depois de terem sido alvejados e levado a melhor tinham obrigação de lhes prestar homenagem tornando-se alvos fáceis.
Uma obsessão por ossos e revanchismo: tudo muito mal disfarçado. 


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