Do Reino da Hipocrisia: um Mundo Louco.

Agora que Mandela descansa (e que Deus dele tenha Misericórdia), e nós podemos descansar também um pouco, vale a pena avaliar a loucura jornalística tão generosa a mostrar o que convém quanto hábil e esperta a esquecer o que não convém.

Mandela foi sempre apresentado como apenas um prisioneiro vítima de um regime mau. As razões da sua prisão nunca foram explicadas e havia-as: o atentado, entre outros, de ChristChurch onde dezenas de pessoas inocentes morreram. Também foi largamente ignorada a origem da sua imensa fortuna pessoal pela qual os filhos se degladiam. A vida pessoal, feita de traições e enganos à primeira esposa, passaram igualmente ao lado de todos bem como a imediata imposição, pouco democrática, do aborto totalmente livre na África do Sul. O que me revolta ainda mais é como se pode criar um mito deste homem enquanto tantos outros ficam no esquecimento.

• Quantos o não tentaram ser e foram trucidados pelos regimes em que viveram? Imre Nagy tentou uma via socialista distinta do imposto pela bota opressiva da URSS? Que lhe aconteceu (e a outros)? Enforcamento.
• Armando Valladares enfrentou as directivas de Castro e, sem disparar um tiro, pagou com longos anos de prisão a afronta.
• Soljnetsyn viveu longos anos de Gulag! Nunca disparou um tiro ... apenas escrevia.
• Sakarov passou um inferno na URSS.
• Dissidentes em Venezuela cumprem penas de 30 anos de prisão.

O Ocidente vive mal o conceito de liberdade e transmuta-a para tolerância com os criminosos enquanto se deixa dominar por uma central de informação global que, à moral e ao exemplo de integridade total, impõe a propaganda de sentido único. Mandelas nunca aparecem do outro lado ... são trucidados antes de qualquer coisa ocorrer perante o silêncio cúmplice deste ocidente doente e drogado.

Só assim podemos entender como Honnecker morreu tranquilamente num sofá (quem não se lembra dos metralhados a saltar o muro? um jovem de 20 anos caiu do lado ocidental e esvaiu-se em sangue sem poder ser auxiliado pois os guardas apontaram as armas a quem queria ajudá-lo), Cesare Bapttisti ande em liberdade, Dilma seja presidente, Chavez depois de deixar 100 mortos em Caracas num golpe de Estado falhado seja posto em liberdade e tome o poder, Rafael Ortega (líder de uma guerrilha com dezenas de milhares de assassínios) seja presidente vitalício de um país miserável, que Cuba e os seus dirigentes sejam recebidos com honras no estrangeiro (quem não se lembra da pressão mediática que levou a devolver a Cuba o menino Elian, cujo pai morreu ao tentar colocá-lo em liberdade atravessando numa jangada o estreito entre Cuba e a Flórida ou o fuzilamento de dois jovens que tentaram roubar um barco para fugir de Cuba), que Mugabe viaje sem ser preso, que o presidente do Sudão viaje sem ser preso e que muitos deles vão parar a Comissões de Direitos humanos na ONU.