outubro 20, 2012

Agitação e as mãos que embalam o jornalismo

Ironia do destino leva a que os jornalistas, sempre tão solícitos para aparecer a certas manifestações, sejam agora eles próprios os manifestantes.

Habituados a:

  • Seleccionar cuidadosamente as manifestações que valem a pena à sua linha política sem olhar à ética das mesmas, à sua relevância e às motivações dos mandantes;
  • A ter uma visão sempre romântica do manifestante que insulta, parte, pinta destrói e transgride;
  • A encostar o microfone aos cadastrados para ouvir qualquer baboseira e ameaça avinagrada;
  • A ter dois pesos e duas medidas quando cobrem actos iguais de protagonistas distintos;
  • A alentar boatos, suposições e interpretações inverossímeis;
  • A promover a tara, o comportamento desviante e o escandaloso;
  • A levar a qualquer notícia a superficialidade da Casa dos Segredos;
  • A calar a injustiça e o abuso sobre comunidades inteiras e a relevar a notícia apenas quando estas protestam colocando o ofendido ao nível do agressor;
  • Condecorar assassinos como Carrillo, Fidel Castro ou Chavez como feitores da "transição para a democracia", líderes históricos" ou "lideres carismáticos";
  • A esconder, adiar ou sonegar notícias de manifestações pela vida ou contra o terrorismo que decorrem com grandes multidões;
  • A fazer programas banais e tendenciosos em televisão e rádio onde os alvos da chacota e do mau gosto são quase sempre os mesmos;
  • A tomar partido descarado e repugnante por determinados actores políticos em detrimento de outros por detalhes ou pormenores simplesmente irrelevantes;
ainda não entenderam que o facto de não venderem não é só por a imprensa escrita estar em crise: não vendem porque o que vendem não interessa, não tem credibilidade e não vai ao encontro do consumidor. Temos mais uma tragédia cozinhada nas madrassas do jornalismo Pravda ou do pensamento único.

Quando aparecem deputados do BE e a extraordinária figura de Peres Metelo (um dos grandes encobridores televisivos do descalabro financeiro do país) a acompanhar estas manifestações percebemos que a Democracia, a qualidade e a pluralidade de opinião não perdem absolutamente nada: não se pode perder o que não se tem.

Antes pelo contrário: talvez estes factos ajudem a repensar o jornalismo que se faz e a trazer mais pluralismo à causa.


1 comentário:

Anónimo disse...

Como diz o outro: dói, não dói?