julho 13, 2009

Mulheres de armas

Numa das minhas incursões pelo Norte quase profundo fui ancorar, num belo entardecer de há uns dez anos ou mais, a Vila Nova de Foz Côa. Calcorreei, com a minha mulher de sempre e o filhote de seis anos, as ruas da vila à procura de um quarto para dormir uma noite. Encontrei aquela solução que é típica por cá .. um quarto, com café e restaurante por baixo –três em um.

A Senhora de meia idade e estatura normal -recepcionista, cozinheira, empregada de balcão e patroa também (quatro em um) - conduziu-nos ao quarto. A porta e a fechadura não ajudaram: com manhas de anos e recalcitrante com a clientela recusam-se a abrir.

Comenta a Sra:

- Precisa de um jeitinho. Meta-lhe o ombro (disse)

E eu meti. Mas não resultou.

- Com mais força … não tenha medo.

E eu meti com mais força e algum jeitinho mas com os mesmos resultados.

- Não me diga que não é capaz (com ar reprovativo). Eu vou tentar.

Recua dois passos, cola as costas e as palmas das mãos ao lado oposto do corredor, dá um passo vigoroso em frente e catapultada pelos braços desfere sem dó nem piedade, com o pé direito em riste, uma violenta pancada à altura da fechadura.

Et voilá… este “Abre-te Sésamo” delicado escancarou a porta de par em par e do batente saltou uma esquírola de madeira que voou alguns metros. O miúdo coitadinho agarrou-se às pernas da mãe com força.

Examinei a fechadura quase arrancada mas ela sossegou-me.

-Não há problema amanhã mandamos reparar.

Tomámos banho e descansámos um pouco. Entrei no restaurante para jantar não sem antes confirmar que tinha dinheiro suficiente para pagar a conta. Com mulheres destas não se pode facilitar.

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