setembro 14, 2009

Os destravadaos e as consequências

Um artigo de Teodoro Petkoff, ex-candidato à Presidência de Venezuela chamou-me a atenção. Nele relatava um vulgar roubo a um casal da classe média (deixando-os descalços e de roupa interior) hospedado num hotel próximo de Caracas. O que teve foi um ingrediente que se torna recorrente: o casal foi apelidado pelos assaltantes de serem da “oligarquia” e “esquálidos” termos usados precisamente por Hugo Chavez para fomentar o seu ódio generalizado a toda a Oposição. A linguagem pouco correcta, ofensiva e aludindo a factos sem fundamento e dificilmente verificáveis, protagonizada por certos lideres com responsabilidades acrescidas, acaba por contagiar e espicaçar gente mal-formada levando-os a actos de atropelo claro aos direitos dos seus semelhantes e actos violência e intimidação.

Hoje em Portugal ocorreu um acto que se pode enquadrar bem neste estereótipo do ódio. Uma ou duas instituições bancárias e uma sede de poder local viram as fachadas destruídas por um ataque de encapuçados que usaram pneus incendiados junto das mesmas.

A linguagem vincada e de dicção cuidadosamente estudada para surtir efeito com “bancos”, aos “barões dos partidos”, “aos grandes grupos”, às “negociatas”, aos “lucros chorudos”, à “ roubalheira”, "à máfia", “capangas”, “roubo”, "jagunços", “assalto”, “império de..” numa demagogia populista insane e, algumas vezes recorrendo a números que são de difícil julgamento objectivo por pessoas de menores capacidades e formação académica, não é em minha opinião legítima em actores políticos de relevo. Estes destravamentos vão lentamente embrutecendo a opinião pública deixando-a perplexa e desorientada.

Acho que era tempo dos partidos democráticos, dos mídia honestos e do Sr Presidente da República pedirem moderação a estes actores. A verbalização radical pode ser má conselheira. Gostava de saber até que ponto pode colher esta má-criação mas espero que não vá longe ou a violência na rua vai chegar em breve e aí será … muito … mas mesmo muuuuuuuuuito feio. Chega… Chega…

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